Chave de ferrugem, Ricardo Lima

Chave de ferrugem, Ricardo Lima

Referência: 8586372129

  • Medida: Altura: 1cm, Largura: 12cm, Comprimento: 18cm
  • Páginas: 80 páginas
  • Peso: 10g

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CHAVE DE FERRUGEM
Ricardo Lima
80 p., 1999, 12x18 cm
ISBN 85-86372-12-9

A exemplo do que realizara em seu livro anterior - Primeiro segundo (1994) -, Ricardo Lima volta à carga tematizando os impasses relativos à percepção do tempo. Só que neste novo livro, Chave de Ferrugem, talvez a questão já não seja a da impossibilidade de fixar a experiência - a erótica sobretudo - em seu instante inaugural, ou, como indicava a ambigüidade daquele primeiro título, de observar com nitidez a passagem desse momento ao seguinte. Se lá o que estava em jogo era a difícil decantação do amor ("varrer do amor / o arroz, / um a um // despedida de amianto"), aqui o problema prende-se a um sentimento mais dilatado de impotência perante o tempo que escoa ou se acu-mula. Antes, o espanto vinha da defasagem entre a experiência e seu registro - "cadernos nunca ficam cheios (...) todo caderno velho / traz página não usada" -, agora, ao contrário, o que pesa é não provar "nunca mais nada pela primeira vez" Além de, por outro lado, sofrer-se a passagem dos dias como reiteração estéril: "na tela / continua / o que / não quero // amanhã / é manhã / de novo". Ou: "dias que quase não terminam / do outro lado desta / mesma lesma vida".

O corpo acede ao primeiro plano, não mais como receptáculo de "beijos ampu-tados" ou fronteira "à beira de um toque, / céu e dúvida". O poeta, antecipando-se aos perigos que moram "nel mezzo del cammin di nostra vita", adverte os acha ques da idade: "trinta anos, a medida"; "neve azul a idade / tomando os olhos"; "com a idade / atenção ao corpo // ossos se colocam / cicatriz brota de uma perda".

Há, como era de se esperar, referências à morte (alheia e própria pontuando os poemas, mas sem a grandiloquência muita vez associada à gravidade do tema. Afi-nal, Ricardo escreve "sem tendência pra tenor (..) nem olhos no infinito". Sua sintaxe é seca e veloz; sua dor, sem trejeitos,"sem sobrenome". Não há vocábulos raros, interjeições dramáticas, colorações noturnas ou truques do gênero.

Há também, ainda em comparação com o livro anterior, um diálogo maior entre os espaços externos (a rua e a paisagem de um modo geral) e o espaço doméstico.
A casa, cenário de vários poemas, não possui mais janelas fechadas ou portas emperradas contendo a presença da rua, mas é, toda ela, "aberta na manhã". Suas paredes, como um corpo, suportam desgaste, seus móveis acumulam pó e guardam cheiros por intermédio dos quais o passado entra e a família navega. Os sons de fora - "bicicleta rouca / vilarejo e multidão", o sino oculto no céu a convocar seus ateus, o vento, o crepitar da lenha, pássaros, cães - misturam-se aos de dentro numa "tentação de música".

Tais observações, no entanto, são só algumas pistas para o leitor utilizar se qui-ser. Experimente ele mesmo esta "chave de ferrugem" nas fechaduras que encon trar. Ou simplesmente entre, sem chaves ou senhas: a certa altura, algumas portas ficam apenas encostadas.

Fabio Weintraub

 

Sobre o autor: Ricardo Lima nasceu em 1966, em Jardinópolis (SP). Publicou Primeiro Segundo (poesia) pela editora Arte Pau-Brasil, São Paulo, 1994. É jornalista e vive em Campinas, com um pé em Morungaba.

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SUMÁRIO:

beijo que não cumpre rios, 11
correr, 13
entretanto em tudo, 15
quase sem paredes, 17
deserto e mar, 19
sem tendência prá tenor, 21
vida que, 23
tempo de pequenos santuários, 25
nenhum pinho, 27
janeiro de sol, 29
neve azul a idade, 31
10, 33
traço de pôr ordem no planeta, 35
trinta anos, a medida, 37
com a idade, 39
quando aqui, 41
vasos, 43
olho navega família, 45
sol e frio, 47
sol oco, 49
pato preto, 51
fala e rua, 53
esta vida que vou ter, 55
começa e termina agora, 57
há resumo de sombras no telhado, 59
dor ataca uma altura do homem, 61
para muro caído, 63
corpo, 65
corpo sem filho, 67
na manhã seguinte à morte, 69

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